November 19, 2009

Olá África do Sul

Caros Leões de Macau,

Portugal venceu a Bósnia Herzegovina no seu próprio campo de Zenica, cheio de irregularidades, perante a promessa de um inferno Bósnio, que se transformou num jogo frio da nossa selecção, que contra todos os artifícios colocados no seu caminho neste campo, provou que tamanho não é qualidade.

A selecção jogou com frieza, imune ao ambiente hostil do décimo segundo jogador e, sobre aquele campo arado e cheio de irregularidades que apenas envergonha quem o escolheu, foi construíndo o seu jogo assente numa sólida defesa constituída por grandes jogadores, como um fantástico Eduardo, capaz de transmitir enorme confiança à equipa, e por cincohomens nucleares: Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Bruno Alves, Pepe, e um Duda ligeiramente irregular mas que cumpriu.
Esta autêntica muralha foi a base da confiança da equipa, com Pepe a varrer todas as possíveis segundas bolas, fazendo incursões para o campo adversário.
Raul Meireles e Tiago estiveram muito bem, tendo Nani melhorado muito no segundo tempo.
Na frente, um enorme Simão Sabrosa passeando a classe e a experiência aprendida na melhor Academia do Mundo, e um tenaz Liedson que não tendo sido feliz, mantém intactas todas as potencialidades.

Só não houve um festival de golos porque a sorte assim não o quis e porque, concedamos, o guarda-redes Hasagic teve um par de brilhantes defesas com os pés que eram golos certos.

Daí que aquilo que sempre tenho dito, pública e privadamente - futebol é um jogo sobretudo mental, de frieza, calculismo, estratégia e disciplina, onde a técnica e o corpo são instrumentos dos primeiros - tenha visto neste encontro um exemplo.

Cada jogo deve ser preparado ao pormenor, ponderadas todas as hipóteses. Cada jogador deve saber ler o jogo, jogar para o colectivo. É a bola que corre mais, não o jogador.

Manny Pacquiao é o exemplo que todo o futebolista, profissional ou amador deveria seguir. Masakatsu Agatsu (a verdadeira vitória é sobre nós próprios). O herói Filipino conquistou sete títulos de diferentes categorias, tendo apenas há dias registado mais uma vitória sobre Miguel Cotto de Porto Rico.
O boxe é duro, exige uma preparação física espantosa, uma cabeça bem fria apesar de todas as contrariedades, e uma precaução redobrada quando o caminho parece fácil.
Às vezes o nariz ou o maxilar está quebrado, mas é preciso continuar, como se nada fosse.

O boxe é um desporto solitário, onde apenas um homem se defronta contra outro, perante o ulular da multidão. Vistas assim as coisas, que bom é jogar futebol. São onze, mas a preparação para cada jogo exige que cada pontapé seja certeiro, tanto quanto cada soco no boxe, que cada finta e passe sejam perfeitos.
O treino é fundamental, em todas as vertentes, mas sobretudo a mental. Quando a cabeça cede, o boxeur acabou. E isso é válido para todos os desportos.
O jab, a combinação um-dois, o gancho, o crochet, o jogo de pernas, a potência de soco, a capacidade de sofrimento podem e devem ser transferidas para a cabeça do jogador de futebol, profissional ou amador. Um KO é um soco poderosíssimo, que equivale a um remate dirigido, potente, um míssil com o selo de golo.

Masakatsu Agatsu traduzir-se-ia melhor por transcender-se a si próprio (depois de aturado treino) pois é uma ilusão quando pensamos que vencemos os outros. Apenas podemos ser ainda melhor do que somos, e nisso consiste a verdadeira vitória. O resto... vem por acréscimo.
A vida só tem significado quando o que fazemos é feito com a máxima perfeição e rigor, fruto de intensa e meticulosa preparação.

Desejemos, enquanto Portugueses, sem desnecessárias clubites, o melhor para a selecção de todos nós.
Desejemos igualmente ao Carlos Carvalhal o maior dos êxitos.

Saudações Leoninas!
Viva o Sporting Clube de Portugal e o Sporting Clube de Macau, Filial 25


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