February 20, 2016

UM INSULTO À LEGALIDADE E FAIR PLAY


Hoje, dia 20 de Fevereiro, realizou-se o encontro Ká I - Sporting Clube de Macau que terminou com um empate a uma bola.
Porém, com uma semana de antecedência, o Sporting enviou por email e em mão, possuindo disso recibo, uma carta alertando a A.F.M. para o facto de ter conhecimento de que dois jogadores profissionais do Ká I, que a imprensa amplamente tinha noticiado que estavam um mês na Tailândia para poderem voltar usufruindo do visto de turistas, desconhecendo o Sporting se irão ter o cartão de TNR (Trabalhadores Não Residentes) ou não. Segundo a lei de Macau, apesar de a competição de Macau ser alegadamente "amadora", a maioria das equipas da primeira divisão conta com jogadores profissionais que, para poderem permanecer em Macau, têm de possuir o chamado Blue Card.
A alegação que ouvi, de que o campeonato é amador não cola, porquanto conforme a lei 21/2009 é punido com multa de MOP5,000 a MOP10,000 o profissional que preste trabalho sem estar aqui autorizado a permanecer como trabalhador - artigo 32 no.5 1); bem como o empregador que não tendo autorização válida, aceite a prestação de trabalho por Trabalhor Não Residente - multa de 10.000 a 20.000 por jogador - artigo 32, no.1, 1).
1 - Da carta enviada muito atempadamente à A.F.M., nunca o Sporting recebeu qualquer resposta. Apenas o silêncio.
2 - Antes do jogo, acompanhada de um dos seus jogadores chineses, a Direcção dirigiu-se ao delegado do jogo e informando-o de que, de acordo com a legislação de Macau, os referidos dois jogadores não poderiam jogar enquanto tivessem o visto de turistas. O delegado do jogo retorquiu que se já tinha sido feita uma carta à direcção, que aguardássemos. Foi-lhe explicado que nenhum regulamento de uma Associação poderia sobrepôr-se ao prescrito pela lei. Nessa altura aproximou-se um membro da delegação do Ká I a quem expliquei que era uma situação ilegal porquanto o visto de turista não permitia exercer a profissão, quando quer os senhores Fabrício Araújo Lima, quer William Carlos Gomes são reconhecidamente jogadores profissionais. Foi-me dito que estavam a jogar de graça, o que, no mínimo, é um insulto à inteligência do adversário e, simultâneamente a confirmação de que não estavam legalizados..
Mais informei o delegado ao jogo que dois dos nossos membros da direcção eram juristas, pelo que sabiamos do que estavamos a dizer, ao que o dito "delegado" respondeu a rir, que "não éramos só nós que temos advogados, os outros também têm" mostrando a incapacidade de compreender o que lhe era dito bem como aparentando apoiar a equipa adversária.
E os dois jogadores foram naturalmente incluídos na equipa inicial, como o Sporting previra com uma semana de antecedência.
Há quem alegue que sempre foi assim, como se a repetição de actos ilegais pudesse servir de desculpa. Direi que a lei é muito clara e para se obter um cartão de TNR é preciso ter-se um Contrato de Trabalho válido e proceder-se a todos os trâmites até à obtenção do cartão de TNR. Não há nenhuma justificação fundamentada que possa contradizer a lei. Assim, não é difícil concluír que nem a A.F.M. se dignou sequer responder, nem o seu delegado ao jogo cumpriu, com um mínimo de dignidade e isenção o seu papel.
No que toca ao jogo, aos nove minutos, devido a um infeliz desentendimento entre o nosso guarda-redes e o defesa, Fabrício Lima intrometeu-se e conseguiu roubar a bola e marcar golo. 
O Sporting reagiu e aos 15 minutos Pio Júnior empatava a partida com toda a calma, depois do guarda-redes adversário ter saído em falso a um cruzamento. 
Passou a ficar patente que do lado do Ká I tudo o que podiam fazer eram tentar lançar a bola para um dos jogadores que consideramos com estatuto ilegal, tendo Fabrício Lima saído lesionado pouco depois, muito provavelmente pela falta de exercício de um mês de ausência. Por seu lado o Sporting passou a tomar conta do jogo, mostrando a existência de uma estratégia e apossando-se do jogo, embora sem conseguir marcar.
O segundo tempo foi a continuidade do primeiro com o Sporting a comandar o jogo e crescendo cada vez mais. O guarda-redes do Ká I teve de mergulhar para defender um remate com selo de golo e outros. No decurso do tempo complementar um dirigente do Ká I começou a insultar o árbitro com palavrões e todo o tipo de linguagem que caracteriza quem a usa. Foi um incidente que demorou algum tempo até que o dirigente fosseexpulso mas, mesmo assim, foi arrastado vociferando.
Este é o futebol que nos é dado ver. Sabedores da ilegalidade, insistem nela sob a total placidez do delegado e ausência de responsáveis hierárquicamente superiores.
Com mais de 5 minutos de interrupções, no segundo tempo, também o árbitro apitou para o fim do jogo sem respeitar os descontos.
Relembramos aos leitores que não queiram ver o que aqui está explicado, que não se trata de "dor de cotovelo" visto que tomámos medidas uma semana antes do jogo, alertando a AFM para o facto. 
O noticário da TDM veio acrescentar que outra equipa apresentou queixa semelhante contra o Ká I.
O Sporting pauta-se por princípios de fair play, legalidade, honestidade. E iremos manter-nos neste caminho. As pessoas, as equipas e as Associações definem-se por aquilo que fazem.

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