March 9, 2015

A OVA DO PRESTÍGIO...





No texto anterior, designado de Trincheira, tive oportunidade de, mais uma vez, falar da necessidade de uma boa gestão desportiva, quando se tem como paradigma o modo como é organizado o Grande Prémio de Macau, o maior cartaz internacional do Território.
Entretanto, por razões bizantinas, o campeonato de futebol de Macau foi suspenso por todo o mês de Março, tendo suscitado reacções muito negativas na imprensa, por parte dos clubes e equipas chamados a pronunciarem-se, demonstrando o quanta razão nos assistia no texto que escrevemos.
Com efeito, pensar-se-ia que as selecções treinariam diariamente, que entrariam em estágio intensivo. Mas tal não acontece. As selecções não treinam diariamente, os sub-23 não são a selecção, são uma invenção da A.F.M., tanto quanto os sub-18 e sub-16 e tudo não passa de uma crassa incompetência da Associação de Futebol de Macau que, de gestão, estamos conversados. Como diz o ditado: dá deus nozes...
Agora, para compôr o ramalhete, o Sporting Clube de Macau foi informado pelo Instituto dos Desportos de que, a partir do dia 15 do corrente mês de Março, o chamado Quintal Desportivo, onde muitas equipas treinam, vai ser fechado para "descanso" do já inexistente relvado natural.
É tudo surreal e trágico, pois muitas das equipas que não têm a fortuna e privilégio de treinar nos estádios, vão ficar sem o único lugar para treinarem, exactamente a 15 dias do recomeço do campeonato.
Em termos de coordenação entre Associação e Instituto do Desporto, estamos perante um caso de puro humor negro. O campeonato pára um mês e nos quinze dias anteriores ao seu reinício, tira-se o tapete debaixo dos pés das equipas que não têm o privilégio de treinar em estádios de futebol, e tudo por causa da extrema teimosia em não se encarar a alternativa da relva sintética de última geração e da ausência de um diálogo construtivo com os clubes. No desporto em Macau, a prática tem sido fazer as asneiras primeiro e falar depois.
Com efeito, o paradigma do Grande Prémio, dos Jogos da Ásia Oriental e outras escassas organizações constituem excepções à regra do autêntico lamaçal em que se encontra o futebol de Macau e a sua gestão e organização.
Como já foi dito, em situações verdadeiramente kafkianas como esta, a lama não cai sobre os clubes e equipas. A lama do mau desempenho e da descoordenação cai sobre as entidades directamente responsáveis. Por isso, porque defender a relva natural como fonte de prestígio do futebol de Macau é uma óbvia falácia, seria verdadeiramente urgente que se criasse uma Comissão Coordenadora para o Futebol, despojada de intuitos eleitoralistas, e constituída por profissionais competentes na organização e gestão de recursos materiais e humanos e com profundos conhecimentos do futebol - capazes de criar uma verdadeira Liga, promover à verdadeira formação de árbitros e de um seu organismo autónomo - fosse encarregue de organizar os campeonatos de futebol, assegurar uma correcta gestão de recursos materiais e humanos.
Profissionais competentes há-os em Macau, com experiência e saber, e em Portugal, profissionais e árbitros desempregados há-os às centenas.
É que, já neste momento, não sei como os clubes verbalizarão mais esta machadada na difícil existência do futebol de Macau, se não se tomarem medidas que resgatem definitivamente o estado actual do futebol em Macau que vai de mal a pior.

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